Entenda a importância da segurança alimentar e nutricional

Muitos confundem os termos segurança alimentar e segurança dos alimentos. Estes, porém, são conceitos, que apesar de conversarem entre si, representam realidades distintas. Nesse post, vamos lhe apresentar a importância da segurança alimentar e nutricional, como ela surgiu e qual é a sua diferença em relação a segurança dos alimentos.

A história da segurança alimentar e nutricional

O termo “segurança alimentar” surgiu na Europa, ao fim da Primeira Guerra Mundial. Com o conflito, notou-se como a alimentação poderia ser usada como uma arma. Afinal, se você controla todos os meios de produção e a distribuição dos alimentos, você define toda uma hierarquia social dentro do país. Qualquer país, então, é capaz de controlar o outro a partir do momento que detém o seu fornecimento de alimentos.

Imagine para um país que não tem capacidade de produzir em quantidade o suficiente seu próprio alimento, seja pelo clima, mão de obra ou outros fatores. A partir do momento em que o fornecimento cessa, este país está fadado ao caos. Será um longo e cruel processo de adaptação.

Sendo assim, a alimentação passou a ser vista como uma questão de segurança nacional. Surge, nesse contexto, a necessidade da formação de estoques e a ideia que o poder de um país está relacionado a sua capacidade de auto-suprimento de alimentos.

Durante a Segunda Guerra Mundial, essas questão voltaram à tona e, ao fim do conflito, é criada a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, FAO. A segurança alimentar e nutricional entra como uma estratégia global e, em 1948, a alimentação é reconhecida como um dos direitos básicos dos seres humanos.

O conceito evoluiu ao longos anos até chegar aos dias de hoje. Vamos, então, entender o que se diz no Brasil e mundialmente sobre a segurança alimentar e nutricional?

O conceito de segurança e insegurança alimentar

A Lei nº 11346 define segurança alimentar como a “realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis”.

Isso significa que todo ser humano deve ter acesso a alimentos seguros e nutritivos, independentemente de raça, religião, sexo ou região. Uma família é considera em situação de segurança alimentar a partir do momento em que nenhum dos membros passa fome ou vive sob medo de inanição.

A obesidade e os problemas relacionados à má alimentação, como diabetes e hipertensão, tomaram, recentemente, conta da mídia. Assim, é difícil imaginar pessoas sofrendo com a desnutrição. Entretanto, essa realidade ainda é presente em diversos lugares do mundo.

Mas, agora, você pode se perguntar: e as famílias ou pessoas que têm acesso a alimentos por meio do lixo, suprimentos de emergência, roubo ou outras alternativas? Nesse caso, o acesso existe, é verdade. Por outro lado, estes meios não são socialmente adequados, por isso, essas pessoas também estão em situação de insegurança alimentar.

São muitos os aspectos que levam uma sociedade a um estado de insegurança alimentar. Entre eles, podemos citar: crescimento da população, mudança climática, aumento dos preços dos grãos, perda de terras agrícolas para desenvolvimento industrial, má distribuição de renda, conflitos políticos, etc.

A crise dos alimentos, de 2007 e 2008, é um exemplo que gerou uma alta nos preços de diversos alimentos, como o trigo e o milho, o que levou uma série de países a restringir o consumo, subsídio e exportação de determinados bens. Uma das suas consequências foi o aumento dos índices de fome, subnutrição e miséria.

Segurança alimentar x Segurança dos alimentos

Quando você se preocupa em categorizar as tábuas de corte para evitar a contaminação cruzada, você está tomando uma iniciativa em prol da segurança DOS alimentos. Esse termo representa as medidas que permitem o controle de qualquer agente, de ratos a microorganismos, que coloquem em risco a saúde do seu consumidor.

A Vigilância Sanitária, então, visa garantir a segurança DOS alimentos. Já o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que integra o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, monitora e avalia as políticas públicas que falam justamente sobre a segurança alimentar e nutricional.

A cultura da segurança dos alimentos deve ser disseminada assim como as ideias de segurança alimentar, já que ambas afetam a vida em sociedade. No entanto, é importante entender essa diferença. Ter um Manual de Boas Práticas, seguir as diretrizes regulamentadoras, contar com um nutricionista responsável técnico e treinar os seus colaboradores faz parte das medidas para segurança dos alimentos, enquanto a segurança alimentar refere-se aos projetos em nível nacional e internacional que asseguram o acesso a alimentos de qualidade nutricional a todos os cidadãos.

Importância da segurança alimentar e nutricional

Segundo a ONU, o Brasil diminuiu em 82,1% o número de pessoas subalimentadas, ou seja, em situação de insegurança alimentar, no período de 2002 a 2014 – a maior queda entre os países mais populosos. A trajetória brasileira de redução da pobreza e combate à fome é muito elogiada internacionalmente.

Então, quer dizer que não precisamos mais nos preocupar? Muito pelo contrário. Na África Subsariana, 29,4% da região ainda se encontra em insegurança alimentar grave. Na Ásia Central e Sudoeste Asiático, o número é de 12,6%. Quando falamos da população mundial, cerca de 10% vive em extrema pobreza, ou seja, com menos de 1,25 dólar por dia.

Esse fenômeno da insegurança alimentar grave se concentra principalmente em zonas de conflito militar ou com alterações climáticas severas. A fome ainda assombra diversas famílias vulneráveis socialmente, mesmo que o número de obesos tenha superado o de famintos. Lidamos com outros problemas atualmente, entretanto, não podemos esquecer daqueles que ainda não foram resolvidos em sua totalidade.

A ONU, há três anos, lançou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e, com eles, a  comunidade internacional se viu empenhada em erradicar a fome até 2030. Mas, em meio a uma demanda global maior por produtos agrícolas e a crescente desigualdade social, é provável que a meta não seja cumprida.

Fato é que a importância da segurança alimentar e nutricional é inegável. As políticas e ações tomadas em prol desta ideia tiraram milhões de pessoas da fome e pobreza extrema.

A meta de acabar de uma vez por todas com a fome é louvável. Mas o questionamento, hoje, talvez, seja outro. O acesso é, sim, essencial, mas que tipo de alimento está chegando a estas pessoas? E aí entramos no debate sobre seguranças dos alimentos, DTAs, obesidade infantil, diabete, hipertensão, etc – assunto para um outro post!

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