Como aplicar ergonomia na cozinha industrial

Coloque-se, por um instante, no lugar do seu cozinheiro. Como é o seu trabalho? Ele passa a maioria do dia em pé, andando, ou em frente à uma fonte de calor, certo? E seus movimentos são repetitivos e pesados, graças à quantidade de comida produzida. Aplicar a ergonomia na cozinha industrial significa otimizar e melhorar essas condições de trabalho.

Como dono de uma Unidade de Alimentação e Nutrição, UAN, é sua obrigação proporcionar um ambiente de trabalho seguro e ergonomicamente correto, principalmente, dentro de uma cozinha, onde há fontes de contaminação, grande risco de acidentes, movimentos repetitivos e a exigência de força. Então, se você ainda não está familiarizado com o assunto e deseja melhorar a sua cozinha, continue lendo!

Conceito de ergonomia

Ergonomia deriva de duas palavras gregas. São elas: ergon que significa trabalho e nomos representando as leis, ou seja, ergonomia pode ser traduzido como as leis do trabalho. Muito abrangente, não? Então, olhe essa definição da Organização Internacional do Trabalho, OIT, em 1960: “aplicação das ciências biológicas conjuntamente com as ciências da engenharia para lograr o ótimo ajustamento do ser humano ao seu trabalho, e assegurar, simultaneamente, eficiência e bem-estar”.  

No Brasil, temos, inclusive, uma portaria exclusiva para estabelecer os parâmetros de adaptação das condições do trabalho. As recomendações vão desde a iluminação até o transporte manual de cargas. As medidas listadas são importantes para garantir o máximo de conforto, segurança e produtividade nas empresas.

A ergonomia, de uma maneira geral, estuda a relação do homem com o seu ambiente de trabalho. Se antes, no início da revolução industrial, os homens se adaptaram aos maquinários, instrumentos e equipamentos, hoje, as coisas funcionam ao contrário: o trabalho deve ser adaptado aos limites do homem.

 

Benefícios em aplicar a ergonomia

Essencial em qualquer empresa, ao aplicar os conceitos de ergonomia você evita doenças como LER e DORT. LER refere-se às lesões por esforço repetitivo, que ocorrem principalmente nos membros superiores. Isso acontece, por exemplo, com um funcionário responsável por descascar legumes manualmente ou carregar peso durante horas. Entre as doenças no grupo LER, encontramos a tendinite, bursite, dedo em gatilho e epicondilite.

Já DORT são as Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho, que também abrangem as lesões em músculos, tendões e articulações causadas por movimentos repetitivos e posturas inadequadas. O que diferencia, então, LER de DORT? Na realidade, a única diferença é que a LER pode ser adquirida fora do ambiente de trabalho, enquanto as DORT manifesta-se exclusivamente em decorrência do trabalho.

Mas os benefícios não param em evitar doenças. Um ambiente de trabalho ergonômico torna-se mais humanizado e, consequentemente, mais produtivo, seguro e agradável. Mostrar que se preocupa com o conforto dos seus funcionários diminui o estresse e o índice de turnover, ou seja, a alteração constante no quadro de funcionários.

 

Como identificar os problemas

Não sabe se a sua cozinha é ergonomicamente correta? Comece perguntando aos seus funcionários, afinal, eles são os principais afetados. Questione se eles sentem desconforto após o trabalho, se repararam inchaço no corpo, sensação de choque nas mãos, dor, formigamentos ou perda de movimentos. Caso esses sintomas apareçam, é preciso reavaliar o ambiente de trabalho e encontrar soluções ergonômicas!

Entre os problemas relacionados à ergonomia, podemos citar:

  • Instrumentos inadequados.
  • Equipamentos sem manutenção;
  • Mal planejamento da estrutura física;
  • Levantamento de peso acima dos limites recomendados;
  • Permanência da postura em pé por longos períodos de tempo;
  • Manuseio incorreto e excessivo de facas e picadores;
  • Inclinação excessiva do tronco para manuseio de cubas e panelas;
  • Organização do trabalho sem rotatividade de atividades e tempos de parada;
  • Estresse e desconforto por parte dos funcionários.

Como aplicar na prática a ergonomia na cozinha industrial

Agora que você entendeu a importância da ergonomia e notou que há problemas, chegou a hora de aplicá-la na prática! É importante ressaltar, porém, que cada cozinha tem as suas limitações e, por isso, algumas dicas gerais devem ser adaptadas ou repensadas. Conte sempre com a ajuda de um profissional especializado para não aumentar as complicações.

Abaixo, listamos algumas coisas que você pode fazer para tornar sua cozinha industrial mais ergonômica:

  • As máquinas, cubas e caldeiras devem se posicionar de forma que o funcionário não precise se curvar ou torcer o tronco;
  • Considere a altura durante as entrevistas. Se todo o maquinário é alto, que sentido faz contratar uma pessoa com a estatura baixa?;
  • Coloque o essencial para o trabalho no dia a dia ao alcance das mãos;
  • As mesas do refeitório devem ter espaços para movimentação das pernas;
  • Permita pausas durante a jornada de trabalho para que os funcionários descansem o corpo e a mente;
  • Incentive a prática de alongamentos no início do expediente e ao fim;
  • Espalhe cartazes sobre a importância da atividade física;
  • A CLT define um limite de peso de 60kg para homens e 25kg para mulheres. Esses valores, porém, estão ultrapassados. Como a NR 17 não diz nada em relação a valores exatos, você pode considerar o recomendado pela comunidade Européia de 25kg ou 23kg proposto pela National Institute for Occupational Safety and Health, NIOSH, nos Estados Unidos. Também existem, hoje, alguns cálculos mais complexos para determinar o peso ideal como a equação de NIOSH;
  • Dê preferência a empilhadeiras, ponte rolantes, talhas, etc;
  • Em atividades que envolvam o levantamento manual de cargas, determine um tempo máximo de duas horas;
  • Aplique treinamentos sobre como otimizar a rotina de trabalho;
  • A iluminação deve ser uniformemente distribuída, evitando sombras, contrastes excessivos e ofuscamento;
  • Em casos de afastamento igual ou superior a 15 dias, o retorno deve ser gradativo;
  • Inclua a prática da ginástica laboral no ambiente de trabalho;
  • Quando utilizar equipamentos eletrônicos, opte por aqueles que permitem um ajuste da tela;
  • Opte, no geral, por móveis e equipamentos com altura ajustável;
  • A tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser posicionados de maneira que a distância entre eles seja igual.

A preocupação com a ergonomia aplica-se, principalmente, na estrutura física da cozinha, mas também precisa contemplar a consciência dos colaboradores, que devem estar cientes da importância da ergonomia e práticas saudáveis fora do trabalho.

Dentro da cozinha, uma nutricionista saberá lhe orientar sobre os melhores equipamentos para cada função, além de elaborar treinamentos e um programa de ginástica laboral. Uma outra forma de incentivar um dia a dia mais ativo é fazer parcerias com academias, oferecendo um desconto aos colaboradores.

O conceito de ergonomia parece simples, mas sua aplicação provoca mudanças significativas. Em ambientes de trabalho que garantem a saúde e bem estar, há a diminuição dos desperdícios, redução de afastamentos e ausências, aumento da produtividade decorrente da valorização do trabalhador e melhoria na qualidade de vida de toda equipe.

O que achou do post? Você conhecia este conceito? Sabia como aplicar ergonomia na cozinha industrial? Se gostou dessas dicas, não deixe de nos seguir no instagram e facebook para receber outros conteúdos em primeira mão!