De olho nas propagandas enganosas de alimentos: veja 4 casos

Quando o assunto é propaganda, o dia da mentira não é só no 1º de Abril. Mas, foi aproveitando o gancho da data, que o Idec, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, lançou o OPA, observatório e site com objetivo de identificar e denunciar propagandas enganosas de alimentos.

Alegações sem comprovação científica, imagens que não condizem com a realidade e propagandas abusivas voltadas para o público infantil… É só ligar a televisão, abrir uma revista ou ir ao mercado que encontraremos propagandas de alimentos com informações distorcidas ou que utilizam estratégias antiéticas.

Neste post, reunimos quatro casos de propagandas enganosas de alimentos que estão no site do OPA. Assim você, consumidor, pode se munir contra esse tipo de prática e você, empresa, fica esperta em relação às suas atitudes.

Afinal, a questão aqui não é só um lanche que vem com menos carne que na foto, mas, sim, a saúde das pessoas e o direito do consumidor. Uma informação em uma embalagem, como verá em um caso abaixo, pode levar alguém a acreditar que certo produto é saudável, sendo que, na verdade, ele não é.

Sem falar nas embalagens e propagandas de produto infantil que levam a crer que um iogurte ou um cereal podem, praticamente, substituir uma refeição. Ou, então, as empresas que usam da vulnerabilidade e influência das crianças na família para direcionar suas propagandas a este público.

Confira as quatro histórias que nos levam a refletir sobre os limites entre o lucro e a saúde da população:

4 casos de propagandas enganosas de alimentos

É hora do Shrek, da Bauducco

Shrek, da Bauducco - Propaganda Enganosa
Era o lançamento de um novo filme da franquia do Shrek, lá em 2007. A Bauducco, aproveitou o momento para lançar a campanha “é hora do shrek”, em que o consumidor juntava 5 embalagens da linha Gulosos e, com mais 5 reais, trocava por um relógio exclusivo do filme criado pela empresa.

Nessa situação, temos dois problemas. O primeiro é a venda casada, que significa vincular a compra de um produto a outro. O consumidor só ia ter o relógio se comprasse produtos da Bauducco. Em segundo lugar, a publicidade era dirigida ao público infantil, incentivando o consumo de produtos altamente calóricos e açucarados.

O caso começou em 2007, mas a decisão só veio em 2013, com uma multa de R$300 mil a Bauducco e a proibição de realizar ações de marketing com foco nas crianças. O caso, porém, foi parar no Supremo Tribunal de Justiça e, em 2017, a corte manteve a multa e ainda caracterizou a prática como venda casada, proibida pelo Código de Defesa do Consumidor. Em paralelo ao Ministério da Justiça, a Bauducco ainda pagou uma multa de R$105 mil pelo Procon-SP.

Que prejuízo, hein Bauducco?

Activia não é tratamento para intestino irregular

Todo mundo conhece o Activia como um “ajudante” do intestino. O problema foi que, em 2008, a Danone começou a veicular propagandas que sugeriam que o iogurte era “uma forma de tratamento para o intestino irregular”.

O que acontece é que o Activia não é nenhum tratamento, ele apenas contribui para o equilíbrio da flora intestinal. A propaganda era tão exagerada que poderiam induzir o consumidor ao erro e atrasar o diagnóstico de doenças potencialmente graves.

Ainda em 2008, a ANVISA proibiu a propaganda, a considerando enganosa. Já nos Estados Unidos, a empresa foi multada em US$21 milhões pelo mesmo motivo. Os órgãos de fiscalização americanos alegaram que não havia nenhuma comprovação científica sobre o Activia ser realmente eficaz contra constipação intestinal.

Agora, a Danone aprendeu: todo cuidado é pouco com as palavras.

Sadia e os Jogos Pan Americanos

Praticamente o mesmo caso da Bauducco e no mesmo ano. Era 2007, durante os Jogos Pan Americanos, realizados no Rio de Janeiro, a Sadia decidiu lançar uma campanha como a “é a hora do Shrek”, mas, ao invés de um relógio, você ganharia um bicho de pelúcia.

Para isso, era preciso juntar cinco selos encontrados nos produtos da marca mais R$3, ou seja, venda casada, ou seja, ilegal. A campanha também, pelo produto oferecido, era direcionado ao público infantil. E desde quando apresuntado, pizza congelada e margarina são produtos saudáveis para crianças?

No fim, a Sadia teve que pagar uma multa de R$305 mil no ano de 2009, aplicada pelo Procon-SP e, mesmo após recorrer, o STJ reafirmou a abusividade da campanha.

Quando as marcas grandes vão entender que propaganda direcionada para o público infantil, incentivando o consumo, em especial, de alimentos não saudáveis é antiético? Poxa!

Refresco Tang e seus corantes

Refresco Tang e seus corantes - Propaganda Enganosa

Que o refresco em pó não é um alimento exatamente saudável, disso a maioria sabe. As empresas, porém, insistem em usar estratégias de marketing de forma equivocada, a fim de convencer o consumidor de que vale a pena comprar este produto.

Esse foi o caso do refresco Tang que, em 2017, colocou a seguinte alegação em sua embalagem: “sem corantes artificiais”. Acontece que, ao estampar esta informação, a empresa deixou de informar a utilização de outros corantes no alimento.

Uma frase, aparentemente, inofensiva rendeu uma multa de R$1 milhão para a Mondelez Brasil, marca detentora da Tang. Para a Secretária Nacional do Consumidor, a prática foi vista como em desacordo com os princípios da transparência e da boa-fé, previsto no Código de Defesa do Consumir. A multa também partiu do pressuposto de que a informação induzia o consumidor a acreditar que o produto é saudável.

Quando olhamos para as propagandas ou embalagens de antigamente, sem nenhum critério, quem diria que uma única frase mal pensada geraria uma multa de R$1 milhão para empresa. Ainda bem que a coisa evoluiu e, hoje, as empresas devem assumir responsabilidade e ter comportamentos éticos diante das informações que passam ao consumidor e ao montar suas estratégias de venda.

Na Nutri Mix, temos um serviço de marketing nutricional que visa, justamente, evitar estes problemas. Levamos em consideração, não só o lucro ou as vendas, mas a transparência e nossa responsabilidade em promover saúde. As propagandas de alimentos não precisam, obrigatoriamente, mentir. Se bem pensadas, elas causam um impacto positivo no cliente e ainda reafirmam a imagem positiva da empresa. Conheça este serviço e veja como!